sexta-feira, 27 de junho de 2008

Duas visões, uma noiva

A morte é animada
Por Giselle Almeida

A sinopse de A noiva cadáver pode até enganar o espectador menos atento: jovem rapaz se casa com uma mulher morta. Sinistro? Nem um pouco, quando se trata de um filme de Tim Burton. Antes de tudo, o longa de animação é uma história de amor. Nada tradicional, é verdade, mas incapaz de assustar qualquer criancinha.

O filme conta a história do jovem Victor van Dort, que conhece a noiva, Victoria Everglot, apenas um dia antes de se tornarem marido e mulher. O casamento foi arranjado pela família dos dois: os pais dele, de origem humilde, querem ser aceitos na sociedade; os pais dela, ricos falidos, estão em busca de estabilidade financeira. Os jovens, alheios às conveniências, estão conformados com uma vida de infelicidade em comum. Mas quis o destino que eles se apaixonassem à primeira vista. Tudo correria às mil maravilhas se, no ensaio para a cerimônia, Victor não se atrapalhasse mais do que devia com os votos nupciais. Ele decide ensaiá-los no meio da floresta e acaba, por engano, pedindo em casamento Emily, a noiva cadáver do título.

O mal entendido leva Victor até o mundo dos mortos. Eis aí a grande sacada do filme: ao contrário do mundo dos vivos azulado, frio e monótono o lado de lá é bem mais agradável, colorido e alegre. Os recém-chegados, por exemplo, são recebidos com festa, à base de muita bebida e música. Todos comemoram o fato de Emily finalmente se casar, depois de ficar muito tempo à espera de um novo amor, desde que foi assassinada. Mas o final feliz do casal inusitado não é tão simples assim: Victor ama Victoria... e está vivo! Aí tem início a odisséiado jovem para desfazer a confusão.

Johnny Depp cai como uma luva no papel de Victor e a senhora Burton, Helena Bonham Carter (ambos presenças constantes nos trabalhos do diretor), dávida a Victoria. Christopher Lee, o Saruman de O senhor dos anéis, faz uma participação como o pastor Galswells. Os personagens secundários são muito bem construídos (e divertidos), como a larva que mora dentro de Emily, sempre com um conselho na ponta da língua. Destaque também para a seqüência em que os mortos e os vivos se encontram, bem diferente do que estamos acostumados a ver em filmes de terror.

O fato de ser uma animação não significa que A noiva cadáverrepresente uma ruptura na filmografia do diretor. Tanto na estética quanto na temática, ela retoma os traços mais marcantes de sua obra: o visual sombrio e o gosto pelo bizarro. Afinal, são poucos os que conseguem transformar histórias estranhas em contos de fadas. Burton éespecialista nisso. Foi ele que construiu o frankestein moderno Edward Mãos de Tesoura, sensível como poucos humanos. E foi ele que contou A lenda do cavaleiro sem cabeça com genererosas doses de humor.

A técnica empregada em A noiva cadáver foi a tradicional stop motion, onde os personagens são bonecos de massinha, fotografados quadro a quadro. Na contramão da tendência atual no mercado de animação, que valoriza cada vez mais a simulação do 3-D, Tim Burton preferiu a sensação de realidade que só os cenários e figurinos de verdade proporcionam. Foi ele, aliás, que rascunhou a maioria dos bonecos do filme, desenvolvidos posteriormente pelo espanhol Carlos Grangel. Afinal, ninguém melhor que o próprio Burton para dar vida aos personagens estranhos que povoam sua mente criativa.


A Noiva-Cadáver (Corpse Bride 2005)
Por Fabiane Bastos


Em A Noiva-Cadáver TimBurton, retoma a técnica stop-motion (onde as cenas são fotografadas quadro a quadro), usada em O Estranho mundo de Jack, para contar uma lenda russa passada no século XIX. O desastrado Victor Van Dort, filho de novos ricos, tem seu casamento arranjado com Victória Everglot, filha de uma tradicional, e falida, família aristocrata. Após arruinar, por acidente o ensaio de casamento, Victor acaba desposando por engano uma noiva cadáver.

O visual segue o estilo sombrio dos outros filmes do diretor, que faz uso das cores para criar um contraponto entre o mundo dos vivos e mortos. Enquanto os vivos presos a regras e tradições vagueiam por um mundo monocromático e sem graça, os mortos habitam um mundo alegre colorido, com muita musica, bebida e ligeiramente mais vivo, que os colegas lá de cima.

Recheado de humor-negro, com piadas textuais e principalmente físicas, uma vez que metade dos personagens está em decomposição, o filme ainda traz canções de Danny Elfman. O compositor, parceiro do diretor em varias produções, apresenta músicas divertidas que impulsionam a história.

Burton traz de volta outras parcerias. Jhonny Depp, no seu quinto trabalho com o diretor interpreta Victor. A noiva cadáver do título fica a cargo de Helena Boham Carter esposa do diretor e parceira dele em outros três filmes. Christopher Lee faz seu terceiro trabalho com Burton como o pastor Galswells. Não é coincidência o fato dos três atores estarem presentes em A Fantástica Fábrica de Chocolates, produção paralela do diretor, que aproveitou as folgas nas filmagens para gravar as vozes. O elenco ainda traz Emily Watson, Albert Finney, Richard E. Grant, Joanna Lumley entre outros.















A Noiva-Cadáver
Corpse Bride (EUA, 2005, 78 min)
Direção: Tim Burton e Mike Johnson
Roteiro: Alison Abbate e Tim Burton
Musica: Danny Elfman
Elenco: Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Emily Watson, Tracey Ullman, Paul Whitehouse, Joanna Lumley, Albert Finney, Richard E. Grant, Christopher Lee, Michael Gough, Jane Horrocks, Enn Reitel, Deep Roy, Danny Elfman, Stephen Ballantyne


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